Casos de Aids avançam no Norte Fluminense

Um levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES) apontou que os casos de Aids estão crescendo em municípios das regiões Norte e Noroeste fluminense, ao contrário do que ocorre na Região Metropolitana, onde a tendência é de queda. Outro dado preocupante do órgão é em relação ao panorama do vírus HIV no estado: quase um terço dos pacientes é diagnosticado já em estágio avançado.

Em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, o Centro de Doenças Infecciosas e Parasitárias (CDIP), destacou que de 2013 para 2014 houve um aumento de cerca de 40% de casos de Aids. O órgão está localizado a Rua 1º de Maio, no Centro, e atende a pacientes para fazer testagem do vírus HIV de diversos municípios da região – São Fidélis, São João da Barra, São Francisco de Itabapoana e Cardoso Moreira.

Diretor de Vigilância em Saúde, Charbell Kury, atribuiu esse número alarmante nas regiões Norte e Noroeste com a migração populacional
O Diretor de Vigilância em Saúde, Charbell Kury, atribuiu esse número alarmante nas cidades das regiões Norte e Noroeste com a migração populacional. Segundo ele, cidades como Macaé e Quissamã praticamente dobraram o número da população nos últimos anos. Outro motivo, de acordo com o diretor, seriam as atividades portuárias na região, que atraiu trabalhadores de diversas cidades do país.  

“Na tentativa de reverter essa situação, o programa do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) Itinerante leva o teste rápido de HIV a várias localidades e distritos de Campos. Qualquer evento que a Secretaria de Saúde realiza, levamos também o teste rápido, que é praticamente 100% confiável.  Nele, nós encaminhamos a pessoa que quer ser submetida ao teste a uma sala confidencial e realizamos todos os procedimentos. O resultado sai em 15 minutos”, declarou o diretor.

Charbell Kury ressaltou também que, a estrutura do programa conta também com uma equipe multidisciplinar para fazer o acompanhamento do paciente, caso o resultado tenha dado positivo. A equipe é formada por infectologistas, clínicos, ginecologistas, oftalmologistas, dermatologistas, nutricionistas, psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos, técnicos de laboratório e pessoal administrativo.

Segundo o superintendente da Vigilância Epidemiológica e Ambiental da SES, Alexandre Chieppe, há muitos casos em que a testagem só é feita quando a pessoa já apresenta sintomas, como problemas no sistema imunológico, e procura o hospital.

“Ainda há muito estigma e preconceito em torno da Aids, por isso muitas pessoas relutam em fazer o teste”, aponta, acrescentando que, em alguns casos, o paciente não percebe que se expôs ao risco de contração do HIV e, por isso, não procura o teste.

Na Região Metropolitana, os casos de Aids no ano 2000 era de 3.482 e em 2012 de 1.974. Já na Região Norte do Estado do Rio os números em 2000 apontavam para 119 e 147 em 2012, segundo a SES. 

Casa de Apoio

“Aqui a dor é combatida pela compaixão. A alma se enche de esperança e os abraços são entrelaçados com amor. Descobrimos que o antídoto contra o HIV é a solidariedade, este coquetel de acolhimento feito de amor, alegria, otimismo, esperança, harmonia e paz! São com essas palavras que a presidente da Associação Irmãos da Solidariedade, Fátima Castro, define os 27 anos da casa que hoje abriga 42 pessoas e assiste mais de 100, com apoio dos governos municipal e federal, e ainda recebe doações da comunidade e empresas.

Segundo Fátima Castro, tudo começou quando uma amiga, portadora do vírus do HIV bateu a sua porta, pedindo por ajuda. Desde então, em meio a críticas e preconceitos, foram anos de luta para que a sociedade pudesse aceitar essas pessoas, sem inserção de violência.

“Nunca pensei em desistir. Sou assistente social e jamais deixaria de atender alguma pessoa, que necessitava da minha ajuda. Até mesmo, uma casa alugada, no Parque Nova Brasília, onde cuidava de cerca de cinco pessoas, foi incendiada devido ao preconceito de algumas pessoas. Em alguns momentos, tive que sustentar a casa através de recursos próprios e foi com muita luta que levei a importância desse cuidado para os órgãos responsáveis. Após alguns anos, Sérgio Mendes, (prefeito de Campos – 1993-1996), que me cedeu a casa que estamos até hoje na rua Santo Antônio, no Jardim Carioca, em Guarus ”, destacou a presidente da Associação.

A Associação, localizada na Rua Santo Antônio, no Jardim Carioca, em Guarus, é dividida em duas partes: uma casa, com sala, dois banheiros e cinco quartos e outra parte com duas enfermarias, salão de beleza, sala de orações, fisioterapia, farmácia, setor de odontologia, dentre outros, e aos fundos, refeitório, dispensa, lavanderia, espaço para artesanato e costura.

“Infelizmente, as campanhas para o uso do preservativo são visadas, apenas no Carnaval e em dezembro, onde é lembrado o dia de combate à doença. Falta uma política pública voltada para o caso, e sendo direcionada principalmente aos jovens, aonde a maioria chega a não se preocupar com a doença, já que pode controlá-la com um “remedinho”, como eles mesmos afirmam”, declarou Fátima Castro.

Fonte: G1

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