Conta de luz pode subir até 70% no Rio e em SP


As contas de luz espantaram o consumidor este mês. Além do aumento do consumo por causa do uso do ar-condicionado para enfrentar o verão, a cobrança já inclui a bandeira tarifária, que gera um custo extra de R$ 0,03 a cada quilowatt-hora (kWh) consumido. E o valor a ser pago em fevereiro é apenas o presságio de um cenário ainda pior até o fim do ano. De acordo com consultorias do setor, quem mora no Rio de Janeiro e em São Paulo vai sofrer com uma alta de até 70% na conta da energia elétrica até dezembro. A estimativa é quase três vezes maior do que a projetada no último trimestre do ano passado, quando especialistas falavam em preços 25% mais salgados em 2015. Além da falta de chuvas e do uso da energia mais cara das termelétricas, o Sudeste vai arcar ainda com a tarifa maior de Itaipu, diante da forte alta do dólar.

Este mês, as contas no Rio já chegaram mais caras, com o reflexo do reajuste da Light, de 19,11% em novembro, e da implantação do sistema de bandeiras tarifárias, que começou a valer este ano e repassa ao consumidor o aumento no custo na geração de energia. Desde janeiro, foi adotada a bandeira vermelha, que indica um custo mais alto devido ao baixo volume de chuvas. A fatura de fevereiro já reflete esta cobrança integralmente. Por isso, o susto ao receber a conta de luz. Aos consumidores, a alternativa foi mudar hábitos para driblar os preços mais elevados.

Mas a forte alta na fatura de energia já verificada pelos consumidores é só o começo. O reajuste concedido às empresas nos últimos meses e a implantação do sistema de bandeiras tarifárias não foram suficientes para cobrir o rombo das distribuidoras, dizem as consultorias Safira, Thymos e Andrade & Canellas. Por isso, a partir do próximo mês, o valor da bandeira tarifária passará de R$ 0,03 para R$ 0,055 por kWh consumido. Na próxima semana, o governo vai definir os valores de reajustes extraordinários a serem concedidos às empresas e que devem começar a valer em março. Especialistas acreditam que o aumento extra será de, ao menos, 20%.

— Somando esses fatores, consumidores de estados da Região Sudeste, como Rio e São Paulo, terão um aumento até o fim deste ano entre 60% e 70% nas contas de luz em relação ao fim de 2014. No Brasil, a alta média deve oscilar de 45% a 50%. O Sudeste vai sofrer impacto maior porque, além da falta de chuvas e da geração de energia mais cara das termelétricas, a região recebe energia da usina de Itaipu, que, por causa da alta do dólar, teve aumento de 46% na tarifa no mês passado. Enquanto isso, a demanda por energia continua elevada, sobretudo, entre consumidores residenciais e comerciais — diz Ricardo Savoia, diretor da Thymos Energia.

A bandeira tarifária, criada em 2013, levou em conta um cenário que piorou no ano passado. O governo teve que rever o valor das bandeiras. Com a revisão extraordinária das tarifas, as estimativas mudaram — diz Cuberos, destacando que prevê alta de 54,7% nos preços de energia no Sudeste.
Enquanto as projeções de alta da tarifa disparam e o consumidor tenta driblar o aumento da conta de luz, o nível dos reservatórios de hidrelétricas continua baixo, segundo o Operador Nacional do Sistema: 19,17% em Sudeste/Centro-Oeste, 16,65% no Nordeste, 48,45% no Sul e 36,97% no Norte.

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