O apetite de Valdemiro Santiago por dinheiro parece ser insaciável. O autointitulado "apóstolo" e líder da Igreja Mundial acaba de lançar mais um "carnê-desafio" destinado a arrecadar uma fortuna. Ele quer que 50 mil fiéis de sua igreja se mobilizem e se voluntariem a doar R$ 300, cada um, para a igreja. E essa doação tem de ser feita até o próximo dia 30. Segundo o pastor, o dinheiro será usado para pagar horários de TV que ele compra na TV aberta e os canais por assinatura que ele mantém.
"Também tem aluguéis das igrejas", brada Santiago em pregação exibida
pela TV Ideal (ex-MTV). O religioso também subiu o tom de seu discurso,
quase que menosprezando fiéis que não teriam como colaborar. "Eu prego
só para quem acredita, quem não acredita que fique de fora, não me
importo."
Depois, tentou se desculpar pelo tom mais agressivo. "Desculpem estar azedo, mas tenho muitas responsabilidades."
A Igreja Mundial enfrenta grave crise financeira há quase dois anos,
desde que uma longa reportagem exibida no "Domingo Espetacular"
denunciou Santiago por apropriação de doações da igreja em benefício
próprio, para compra de fazendas, gado e outros imóveis e propriedades.
Investigado pelo Ministério Público (e possivelmente pela Receita
Federal), acabou tendo de vender muitos bens, inclusive a suntuosa
fazenda e o gado que apareceram na reportagem da Record. A denúncia
causou ainda um êxodo de fiéis assustados com a denúncia, mas outro
tanto acreditou no discurso do pastor: era tudo intriga e perseguição da
Igreja Universal (de Edir Macedo, dono da Record).
Macedo literalmente acabou por tirar Santiago quase que completamente
da TV aberta, comprando quase todos os horários de outras emissoras que
eram vendidos para a Mundial.
Entre outras
TVs, a Universal conseguiu tirar o canal 21 da Mundial, que o havia
alugado da Band. O motivo da rescisão de contrato da Band foi justamente
devido a atrasos constantes no pagamento do aluguel. A Universal também
passou a ocupar as madrugadas da Band no lugar da Mundial.
Graças à fiscalização tacanha e quase inexistente e a uma legislação
arcaica, nebulosa e jamais obedecida, a compra de horários de TVs por
igrejas e demais programas de televendas (os chamados caça-níqueis) não
é fiscalizada e nem sequer disciplinada pelo Ministério da Comunicação
ou Anatel -- órgãos que pouco ou nada fazem para coibir que muitos
vendilhões ocupem horários de TVs.
Fonte: UOL
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